quarta-feira, 18 de março de 2009

Brasil é um dos três mais empreendedores do G-20

O Brasil é o terceiro mais empreendedor entre os países que fazem parte do G-20, atrás apenas da Argentina e do México. A informação consta da edição 2008 da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, a GEM 2008, que mede as taxas de empreendedorismo mundial. A Rússia é o país com a menor Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) entre todos os membros do G-20.
A Argentina obteve uma taxa de 16,5%; em seguida, o México, com 13,1%; e o Brasil, em terceiro, com 12,02%. A Rússia registrou taxa de 3,49%.

Pela primeira vez em nove anos, a GEM Brasil opta por utilizar o G-20 como recorte analítico. A escolha foi motivada pela posição do País como presidente atual do G-20, que é formado pelos ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais de 19 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. A União Européia também é membro, representada pelo presidente rotativo do Conselho da União Européia e pelo presidente do Banco Central Europeu.
Juntos, os países-membros representam cerca de 90% do Produto Interno Bruto mundial e 80% do comércio internacional (incluindo o comércio interno da UE), e 81,24% do total de pessoas empreendendo no mundo.

Não participaram da pesquisa Austrália, Canadá, China, Indonésia, Arábia Saudita e União Européia (que tecnicamente não é um país, mas tem assento no G-20). Para o diretor-técnico do Sebrae Nacional, Luiz Carlos Barboza, a utilização dos países do G-20 permite uma análise mais consistente do empreendedorismo no País, já que a comparação é realizada com países que têm crescimento e desenvolvimento muito parecidos com o Brasil, os chamados emergentes.
“O Brasil já passou pela fase de altas taxas de empreendedorismo, característica de países muito pobres, como Bolívia, Peru, Angola. Nós estamos no mesmo patamar do México, Chile e Uruguai”, afirma o diretor. A TEA apresentada pelo Brasil em 2008 (12%) ficou próxima das taxas obtidas por Uruguai (11,90%) e Chile (13,08%) e semelhante também às apresentadas por Índia (11,49%) e México (13,1%).

Os países representados pelo G-20 possuem uma característica que também é encontrada no conjunto total de países da pesquisa GEM 2008. Os países considerados mais desenvolvidos obtiveram taxas de empreendedorismo mais baixas que os países do grupo com desenvolvimento relativamente menor. Os Estados Unidos são a exceção, pois é desenvolvido, mas apresenta taxas de empreendedorismo semelhantes às dos países de estágio de desenvolvimento intermediário, como o Brasil. O G-20 apresenta uma TEA média de 8,4%, enquanto a média geral da pesquisa GEM é de 10,5%.

“É uma pena que a China não tenha participado da pesquisa este ano. Os chineses representam metade dos empreendedores em todo o mundo”, diz Luiz Carlos Barboza. Segundo ele, o empreendedorismo no mundo dependerá nos próximos anos do contingente de desempregados e de políticas para a criação de empreendimentos inovadores. “Com um grande desemprego, as pessoas irão empreender por necessidade, o que não é nada bom. Precisamos incentivar a inovação e a educação empreendedora”.

MéxicoTalvez por isso, o México tenha sido um dos destaques da pesquisa. Num curto período de apenas dois anos, o nível de empreendedorismo em estágio inicial no México subiu expressivamente, de 5,3% em 2006 para 13,3% em 2008.

Outra mudança importante ocorreu no nível de empreendimentos já estabelecidos (mais de 3,5 anos no mercado), que subiu de 2,3% em 2006 para 4,9% em 2008. O empreendedorismo em estágio inicial alcançou 13,3% (9,3% de empreendedores nascentes e 4% de novos empreendedores), enquanto os empreendimentos já estabelecidos alcançaram 4,9% da população adulta. Os empreendedores nascentes são aqueles que estão à frente de negócios em implantação e os novos, aqueles cujos negócios já estão em funcionamento e geram remuneração por pelo menos três meses.

Muito deste crescimento se deve, segundo os organizadores da pesquisa, às políticas públicas do governo mexicano. O Congresso do México aprovou recentemente três importantes reformas estruturais que vinham sendo adiadas nos últimos anos. A primeira é a reforma tributária, que possibilitará ao governo aumentar a arrecadação e evitar a sonegação. A segunda é a reforma do Instituto de Seguridade Social para Funcionários Públicos (SSSTE), que o transformou numa organização economicamente sustentável. A terceira foi a reforma da Pemex, estatal petrolífera mexicana, que deu independência para a empresa tomar suas próprias decisões de investimento.

Além disso, nos últimos anos, o governo fortaleceu as políticas públicas para incentivo ao empreendedorismo e às médias e pequenas empresas. O Sistema Nacional de Incubadoras de Negócios foi avaliado e incrementado para apoio na adoção das melhores práticas do mercado internacional.

Novos países
O Brasil continua com uma TEA superior à média dos países observados pela pesquisa GEM, que foi de 10,48%. Ao analisar a média histórica do Brasil em relação à média dos demais países participantes da pesquisa, a TEA média brasileira de 2001 a 2008 é de 12,72%, contra uma TEA média de apenas 7,25%. Isso reforça que o Brasil é um país de alta capacidade empreendedora e que, na média entre 2001 e 2008, o brasileiro é 75,6% mais empreendedor que os outros.

A entrada de novos países no ranking mundial de empreendedorismo realizado pela GEM 2008, como Bolívia, Angola, Macedônia e Egito, fez com que o Brasil, pela primeira vez desde que a pesquisa foi iniciada, ficasse fora do grupo dos dez países com maiores taxas de empreendedorismo. O Brasil em 2008 passou a ocupar a 13ª posição no ranking geral mundial (entre os 43 países pesquisados).

O Luiz Carlos Barboza destaca que a Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) brasileira está relativamente próxima da média histórica brasileira, que é de 12,72%. “Não caímos no ranking porque continuamos tendo uma TEA entre 12 e 13%, como nos anos anteriores”. Os países da América Latina e Caribe foram os mais empreendedores na rodada da Pesquisa GEM em 2008. A Bolívia ficou em primeiro lugar, com uma TEA de 29,82%, o que significa que um em cada três bolivianos desempenhou alguma atividade empreendedora. O Peru ocupou o segundo lugar no ranking, com uma TEA de 25,57%, ou seja, um em quatro peruanos realizou atividades empreendedoras. No outro extremo do ranking, pode-se observar que os últimos lugares foram ocupados por países desenvolvidos, como a Bélgica em último lugar, precedida por Rússia e Alemanha.

Número de empreendedores
Um dado interessante é em relação ao número de empreendedores estimado para cada país. Quando se considera essa abordagem, a posição dos países no topo e na base do ranking se altera. A Índia é o país com a maior população de indivíduos desempenhando alguma atividade empreendedora. São 76,04 milhões de empreendedores. Em seguida vêm os Estados Unidos com 20 milhões e, em terceiro, o Brasil, com 14,6 milhões. Por características do próprio povo, os Estados Unidos são o único país desenvolvido que figura entre os cinco primeiros no quesito número de empreendedores.

Do outro lado do ranking, está a Islândia, com 18 mil empreendedores, a Eslovênia, com 86 mil e a Letônia, com 96 mil pessoas empreendendo. A pesquisa mostra também que para cada empreendedor na Islândia existem 4.224 empreendedores na Índia e 813 empreendedores no Brasil.

Metodologia
A pesquisa GEM é executada há nove anos no País pelo IBQP com patrocínio do Sebrae e do Sesi-Senai, apoio técnico da Universidade Positivo, apoio institucional da PUC do Paraná e coordenação internacional da London Business School, do Babson College e da Gera (pessoa jurídica responsável pela pesquisa GEM).

A GEM mede as taxas de empreendedorismo mundiais, reunindo dados estatísticos de 43 países. O estudo é referência internacional. Seus conteúdos contribuem para o desenvolvimento de ações em benefício dos empreendedores no mundo inteiro. Para avaliar o nível da atividade empreendedora de cada país, entrevistam-se membros da população adulta (18 a 64 anos de idade), selecionados por meio de amostra probabilística de cada país participante. Os empreendedores identificados são classificados conforme seu estágio empresarial, sua motivação para empreender e suas características demográficas. Em 2008, foram entrevistadas duas mil pessoas no Brasil e 124.721 pessoas no mundo.

FONTE: Agência Sebrae de Notícias