terça-feira, 17 de março de 2009

Concessões de microcrédito crescem 64% em 2008

Ao contrário do que acontece com o crédito tradicional, que apresenta queda de concessões desde o agravamento da crise, o microcrédito continua avançando de forma acelerada. Em 2008, foram realizadas 1,274 milhão de operações, uma expansão de 32,3%, e o volume concedido somou R$ 1,807 bilhão, crescimento de 64,2% em relação ao patamar de 2007 (R$ 1,1 bilhão).
"Este pode ser um instrumento para, de certa forma, minimizar o impacto da crise com a dificuldade de crédito", afirma Max Coelho, coordenador do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). "Muitos desempregados podem virar microempresários e precisar de recursos para o negócio", completa.

De acordo com dados do Ministério, o ano passado terminou com 640,5 mil clientes ativos, sendo 64% mulheres. Como sempre acontece, a maior parte dos negócios (89,3%) são feitos com pequenos comércios. O setor de serviços responde por 7,2% dos clientes, enquanto as pequenas indústrias ficam com 2,8% do montante.

A carteira ativa no fim do ano passado somava R$ 708 milhões, montante 35,6% superior ao patamar do ano anterior. O valor médio dos contratos de empréstimos foi de R$ 1.418,09.

Apesar de o microcrédito existir há pelo menos 30 anos, as estatísticas existem apenas desde 2005, quando foi criado um programa de governo específico para a modalidade.

A principal fonte de recursos é o direcionamento obrigatório de 2% dos depósitos à vista dos bancos para o segmento. Esse montante - que nem sempre chega à população, pois o teto de juros definido pelo governo (2% ao mês) inibe a atuação das grandes instituições - se soma aos recursos do FAT, via bancos oficiais, além de outras fontes, como linhas internacionais e repasses de prefeituras locais.

Essas fontes de financiamento são divididas entre a 278 instituições habilitadas a operar no microcrédito, divididas em Oscips, cooperativas, agências de fomentos e os bancos comerciais. Esse número cresceu mais de cinco vezes desde 2005, quando eram cerca de 50. "Esse é um nicho em que os bancos tradicionais não atuam e é importante ocupar este espaço."

Para este ano, as principais instituições que trabalham com microcrédito no país planejam a expansão da concessão de empréstimos. O Banco do Nordeste, maior agente do mercado, pretende desembolsar R$ 1,4 bilhão para os clientes do programa Crediamigo, volume 40% superior às concessões feitas em pelo banco estatal em 2008. O banco Santander, por meio do Real Microcrédito, prevê ampliar a carteira de clientes ativos em 20%, para R$ 120 milhões.

Fonte:Valor Econômico