segunda-feira, 23 de março de 2009

O Mercado de Trabalho Formal do RN em 2009

José Aldemir Freire WWW.economia-do.rn-blogspot.com
Alerta Geral
José Aldemir Freire
Economista
Análise disponibilizada em www.economia-do-rn.blogspot.com
O Péssimo Mês de Fevereiro
Que o mês de fevereiro seria ruim para o mercado de trabalho do RN eu já
esperava... mas não imaginei que seria tão ruim como foi.
Praticamente 5,4 mil trabalhadores foram demitidos no mês passado no RN.
Foi o pior mês de fevereiro nos 10 anos da série do CAGED. Os números
negativos eram esperados porque, tradicionalmte, a quadra mensal que vai de
dezembro a março é de desemprego no estado.
Nesses meses se concentram as demissões da agropecuária (melão e cana-deaçúcar
principalmente), em alguns segmentos do setor industrial e na
construção civil (dezembro é o mês que tradicionalmente mais se demite na
construção civil do estado).
Uma Péssima Quadra de Desemprego
O Forte Desemprego no mês de fevereiro não é um fato isolado no mês. O
primeiro bimestre do ano foi o pior dos últimos 10 anos. A quadra de
desemprego (jan-mar) desse ano será também a pior dos últimos 10 anos.
Entre dezembro de 2008 e fevereiro de 2009 o estado perdeu 12,8 mil
empregos.
Tradicionalmente o estado perde em sua quadra de desemprego cerca de 7
mil postos de trabalho. Nós já perdemos quase 13 mil em três meses e ainda
falta o mês de março - que espero ser outro mês onde iremos perder entre
500 e 1000 postos de trabalho (isso se ficarmos dentro da média histórica.
Assim, espero que o mercado do RN só volte a contratar em abril.
Nos meses que se seguirão entre abril e novembro o RN gera, em média, cerca
de 22 mil postos de trabalho. Se essa média se mantiver esse ano significa que
o saldo do emprego no final de 2009 será de menos de 10 mil novos empregos
formais.
Desde 2004 que esse número tem girado em torno de 15 mil empregos por ano
- são gerados aproximadamente 22 mil empregos no período abril-novembro e
perdido cerca de 7 mil nos meses de dezembro a março.
Esse ano, portanto, não será um ano muito bom para o mercado de trabalho
formal do estado. Mesmo que no período abril-novembro a gente gere o
mesmo número de empregos que o estado geralmente gera, chegaremos ao
final do ano com um saldo menor do que estávamos apresentando
recentemente.
Mas tem outro complicador: e se no período abril-novembro o mercado de
trabalho não gerar empregos dentro do padrão histórico?
É provável, muito provável, que a gente não consiga nem gerar os 22 mil
empregos que tradicionalmente geramos no período entre abril e novembro.
Trabalho com três cenários:
José Aldemir Freire WWW.economia-do.rn-blogspot.com
a) Geraremos entre abril e novembro o mesmo número de empregos que
historicamente temos gerado nesse período (em torno de 22 mil postos
de trabalho). Assim, chegaremos ao final do ano com aproximadamente
10 mil empregos novos - esse o cenário básico.
b) Não conseguiremos gerar os 22 mil postos de trabalho, todavia
geraremos mais de 12 mil empregos. Com isso, ficaremos bem abaixo
do saldo de 10 mil, mas mesmo assim chegaremos ao final do ano com
saldo positivo - talvez em torno de 5 mil novas vagas. Esse é um cenário
alternativo, menos provável que o primeiro, mas que pode acontecer.
c) Não iremos gerar empregos suficientes para reverter a quadra de
desemprego (geraremos menos de 13 mil postos de trabalho entre abril
e novembro). Esse é um cenário pouco provável, que acho muito difícil
de acontecer, mas não impossível. Fevereiro está aí para nos alertar.
Acho que todas as luzes do governo estadual devem começar a piscar a partir
de agora. Políticas de geração de emprego, sobretudo obras públicas e
construção de moradias podem ser boas alternativas nesse momento. Cabe às
prefeituras também dar prosseguimento a seus programas de investimentos.
O diabo é que as receitas públicas estão em queda!
José Aldemir Freire
Fonte: MTE, CAGED
A Queda do Emprego na Construção Civil
A construção civil merece um tratamento à parte nessa história.
Entre outubro de 2008 e
trabalhadores no RN. Esse número diverge acentuadamente de seu histórico
recente e comprova que o
estado.
Nos últimos anos o setor
quadra de desemprego que vai de
meses o setor dispensa cerca de 1,3 mil
contratações são retomadas e são gerados cerca de 3,6 mil postos de
trabalho.
Todavia, na atual quadra de desemprego do setor foram demitidos no estado
quase 3,8 mil trabalhadores. Assim, mesmo que o RN volte a gerar nos
próximos meses os mesmos 3,6 mil postos na construção civil que costuma
gerar nesse período, o estado pode encerrar o ano com um déficit no setor.
Outro complicador é nos últimos anos fevereiro foi um mês com saldo positivo
na construção civil do RN. Mas esse ano foi negativo. O setor ainda não saiu de
sua fase de desemprego.
Resta saber se os prometidos lançamentos imobiliários serão capazes de
possibilitar a retomada do emprego no setor. Todavia, acho que muitos
lançamentos recentes estão com obras prometidas para começar somente lá
para o final do ano ou início do próximo. Desse modo, acho que a recuperação
da construção civil do RN, se depender tão somente do setor privado, ainda
vai demorar certo tempo.